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Divulgação de efeitos e incertezas climáticas em demonstrações financeiras acende alerta
Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) vai explorar formas de como melhorar a divulgação das informações
O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) vai explorar formas de como melhorar a divulgação de efeitos e incertezas climáticas nas demonstrações financeiras.
A entidade anunciou nesta quinta-feira que as iniciativas podem ir desde materiais educacionais sobre o tema, elaboração de exemplos ilustrativos ou reformas de normas contábeis atualmente em vigor.
“Por conta do rápido desenvolvimento desse setor, o Iasb vai monitorar discussões sobre o tema para determinar se é necessário evoluir na nossa atuação”, afirma a entidade.
O corpo técnico do Iasb vai continuar trabalhando lado a lado com o Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade Internacional (ISSB, na sigla em inglês) para facilitar compartilhamento de dados sobre o tema.
Quais são os pontos fortes e os desafios dos relatórios das instituições financeiras?
No âmbito brasileiro e relacionado à divulgação de informações de instituições financeiras, as atuações do Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), e Superintendência de Seguros Privados (Susep) têm trazido orientações e novas normas para tornar públicos os indicadores de sustentabilidade.
Um recente monitoramento feita pela consultoria EY se debruçou sobre os pontos fortes, os principais dilemas e desafios para a evolução dos relatórios das instituições financeiras em relação aos aspectos da agenda ambiental, social e de governança (ESG). O estudo indica que emissões de carbono e diversidade na composição da equipe de trabalho são os pontos fortes, enquanto saúde e bem-estar dos colaboradores, inclusão financeira, biodiversidade e saúde financeira dos consumidores ainda precisam ser melhor explorados pelas instituições.
A pesquisa identificou que o tema “Emissões de Carbono”, incluindo inventários de emissão, grau de aderência ao TCFD (Força-Tarefa sobre divulgações financeiras relacionadas ao clima), compromissos e metas de carbono alinhadas a acordos internacionais, já é bem explorado nos relatórios das instituições financeiras brasileiras.
“Sobre isso, temos até certo destaque quando comparamos com instituições financeiras globais", diz Rafael Schur, líder do segmento de Mercado de Serviços Financeiros para o Brasil da EY. A explicação para isso, na avaliação do profissional, é que temas relacionados a mudanças climáticas estão há mais tempo nas agendas das instituições financeiras, especialmente a partir das conferências da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).
Porém, nos temas biodiversidade e uso da terra, investimentos em florestas, projetos socioambientais para recuperação de áreas e restauração florestal, há muito menos informações disponíveis. "A tendência e expectativa é que as divulgações de biodiversidade se ampliem à medida que aumente a consciência sobre o tema e a adesão a frameworks [estrutura] de referência. Esses são pontos que precisam se desenvolvidos no país e há espaço para aprimoramento”, sustenta.
Em relação aos temas que se referem à composição da empresa, a consultoria nota que a diversidade da força de trabalho é um tema também discutido nos últimos anos, aparecendo em diversos compromissos, inclusive com requisitos de metas e transparência. Porém, quando analisado o tema de “Saúde e Bem-estar do Colaborador”, que considera métricas de acidentes de trabalho, participação em programas de bem-estar e saúde mental, ainda existem janelas de melhorias em todas as instituições financeiras analisadas.
"Podemos considerar que o aprimoramento deste tema esteja mais relacionado ao aperfeiçoamento de métricas e respectiva inclusão nos relatórios, do que o estabelecimento de iniciativas e programas de bem-estar, que supostamente já existem, mas não estão sendo devidamente reportados”, avalia Schur.
Para a análise, (que pode ser lida na íntegra aqui) foi usado uma metodologia global criada pela consultoria para análise de geração de valor de longo prazo (“Long Term Value”) de uma instituição, que identifica três tipos de alavancas: valor para a Sociedade, como geração de emprego e emissão de carbono; valor para os Colaboradores, como engajamento e diversidade, e valor para os Consumidores, como segurança de dados e confiança do consumidor.
Para cada um dos indicadores selecionados, são atribuídas pontuações individualizados de 0 a 1 baseados na cobertura e efetividade da divulgação desses indicadores nos relatos integrados, relatórios anuais e relatórios de ESG e Sustentabilidade, quando existentes, para o ano base de 2021 publicados em 2022. Os resultados foram apresentados e validados junto às instituições financeiras analisadas. O recorte Brasil analisou 13 instituições financeiras brasileiras, entre bancos, cooperativas, seguradoras e gestoras de ativos.