• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Através da nossa metodologia de trabalho, conhecimento e ferramentas, você empresário, irá compreender que nós seremos um parceiro fundamental para o seu negóicio.

    Nosso trabalho é voltado para a gestão da sua empresa visando facilitar as tomadas de decisão e permitindo que você foque apenas em seu negócio.

    Quer crescer mais? Conte conosco!

    Orçamento para abertura de sua empresa Orçamento para assessoria mensal

Notícia

Perigos da sucessão empresarial

Perigos da sucessão empresarial.

Autor: Rafaela LimaFonte: Diário do Comércio

Apenas um terço das empresas familiares sobrevive à passagem para a segunda geração; entre os sobreviventes, somente 15% chegam à terceira geração. Para evitar o futuro sombrio, é preciso planejar tudo com muito cuidado

Vida pessoal e profissional num só local. Pessoas que trabalham em empresas fundadas por pais ou avós têm uma faca de dois gumes nas mãos: o lado positivo é que já nascem com emprego e renda garantidos; o negativo: pode ser difícil manter o bom relacionamento com os parentes ou o chefe - que também é da família. Nem todos querem seguir os mesmos caminhos.

A gerente de marketing da Única Corretora de Seguros Juliana de Santana Souza trabalha há dezoito anos no local. O irmão dela também está lá, como gerente de planejamento. É que o pai de ambos, Jorge Eduardo de Souza, fundou a empresa em 1990. No começo tudo deu certo. Mas as diferenças, com o tempo, começaram a aparecer: "Eu confundia o pai com o chefe. Não sabíamos separar os assuntos. O que devia ser falado em casa, era discutido na empresa e vice-versa. Isso começou a atrapalhar os negócios. Não dava para administrar as duas coisas".

Esse lado emocional interferiu no desenvolvimento profissional de Juliana: "Eu sentia falta de ter uma experiência normal, como se estivesse numa companhia qualquer, no mercado. O caminho foi procurar um consultor especializado em questões de empresas familiares para resolver a questão".

Os resultados apareceram logo: "Foi feito o que meu pai queria desde o começo: os cargos e funções passaram a ser bem definidos. As medidas foram bastante importantes no que se refere à sucessão da empresa. As relações – familiar e profissional – estão dando certo".

"As situações divergentes, tão comuns em ambientes empresariais, são ainda mais difíceis quando envolve também a família. Muitas vezes a solução é manter a distância entre as partes que não se entendem. Mas como fazer isso entre parentes?", questiona o sócio-diretor da Societàs Consultoria e especialista em assessorar empresas familiares, Pedro Adachi. Ele diz que entre 65% e 80% das empresas no mundo são formadas por famílias – na Finlândia, o índice chega a 91%; na Espanha, 85% e Alemanha, 79%. No Brasil, são 80%: "Os conflitos surgem geralmente dos pequenos detalhes, mas respaldados por fundamentos profundos, como o desrespeito às diferenças pessoais, ou a falta de informação. É normal o fundador da empresa comparar iniciativas de irmãos, ou questionar comportamentos. É um sentimento cultivado ao longo dos anos e pode provocar conflito no futuro".

Há momentos em que os conflitos afloram mais facilmente: o da sucessão, especialmente quando ela acontece com o falecimento do pai e posicionamento das pessoas na organização. "As disputas pelo poder e ciúme entre familiares chegam a destruir gigantescas sociedades e acabam por ruir verdadeiros impérios empresariais – e as pessoas não se preocupam com esse ponto".

Sucessão tem de ser planejada

Apenas um terço das empresas familiares sobrevive à passagem para a segunda geração e, entre os sobreviventes, somente 15% chegam à terceira geração. Para evitar o futuro sombrio, é preciso tomar algumas medidas: Segundo o especialista Pedro Adachi, da Societàs Consultoria, "a solução é realizar um planejamento sucessório, com a determinação das regras para conduzir de forma racional os diversos assuntos conflitantes, muitos dos quais são evitados".

Outro problema comum é a falta de vontade, por parte dos filhos, de continuar o negócio do pai. "A família muitas vezes induz o filho a aceitar um futuro já desenhado para ele. É um conflito de interesses".

A consultora organizacional Sonia Jordão dá dicas para que os problemas sejam evitados e solucionados: liderar é conseguir que outras pessoas façam o que queremos, influenciar as atitudes. "É importante, porém, respeitar o direito do outro - assim você consegue a confiança; saber ouvir é imprescindível, assim como compreender e perdoar; não imponha suas idéias; seja firme, sem agressividade; coloque limites; e quando disser não, mantenha", explica Sonia.

Ela diz também que é necessário respeitar as diferenças entre as pessoas. Não se pode tratar um filho da mesma forma que lida com o outro. "É prioridade delegar responsabilidades e ser exemplar: não se pode exigir um comportamento e agir de outra forma".

Já o consultor e diretor da DS Consultoria Empresarial e Educacional, Domingos Ricca, afirma que a sucessão na empresa familiar põe à prova a relação de pai e filho: "É um grande desafio para o empresário fazer com que o filho siga os passos do pai. Para muitos pais, essa vontade representa uma prova de carinho e de responsabilidade com o futuro do filho, assegurando o caminho profissional dele. Se os objetivos do filho forem os mesmos, o processo de torna fácil. Caso contrário, até a empresa corre risco".

Ele afirma que, num negócio que tem como base a unidade familiar, é necessário considerar três perspectivas fundamentais: a família, a empresa e a propriedade. "Um filho deve entender a empresa, não necessariamente gerenciá-la; administrar as posses e vivenciar a unidade familiar. É difícil o papel de pai e gestor de uma empresa".

Para reduzir os conflitos, de acordo com Ricca, o indicado deve ser respeitar a vida do filho e orientá-lo na busca por seus sonhos: "Se há impasse no processo de sucessão do negócio, a solução pode estar na governança corporativa, uma forma alternativa de gestão do negócio, que visa diminuir os efeitos do conflito familiar sobre a administração da empresa. É uma opção que vai exigir do empreendedor a capacidade de racionalizar sobre o que deseja para a empresa". Ricca diz que a governança corporativa estimula acordos entre fundadores e herdeiros: "A administração do negócio passa a ser conduzida por um conselho de família. É esse conselho que vai discutir em conjunto, e em harmonia, a melhor forma de conduzir os negócios".

Outra dica de Ricca: "A sucessão da empresa deve ser feita enquanto o fundador está vivo. Só o fundador conhece o próprio negócio, e saberá tomar as decisões corretas. Uma coisa é certa – carisma não se transfere. Mas os problemas que podem impedir a perpetuação do negócio podem ser atenuados por quem mais entende dele".