• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Através da nossa metodologia de trabalho, conhecimento e ferramentas, você empresário, irá compreender que nós seremos um parceiro fundamental para o seu negóicio.

    Nosso trabalho é voltado para a gestão da sua empresa visando facilitar as tomadas de decisão e permitindo que você foque apenas em seu negócio.

    Quer crescer mais? Conte conosco!

    Orçamento para abertura de sua empresa Orçamento para assessoria mensal

Notícia

Flexibilização ou risco fiscal? Mudança em regra de transferências a estados divide debatedores Fonte: Agência Senado

A possibilidade de estados e Distrito Federal retirarem do teto de gastos dos estados recursos de emendas parlamentares e parte das transferências da União

A possibilidade de estados e Distrito Federal retirarem do teto de gastos dos estados recursos de emendas parlamentares e parte das transferências da União dividiu a opinião de participantes de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta quarta-feira (24).

Representantes dos estados e do governo federal entendem que a medida, prevista no PLP 123/2021, é uma “flexibilização responsável” e permitirá a ampliação dos investimentos. Já o senador Zequinha Marinho (PSC-PA) e a Instituição Fiscal Independente (IFI) temem que a aprovação da proposta abra mais uma brecha para irresponsabilidade fiscal. O relator do projeto, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), disse que vai considerar as ponderações dos debatedores na elaboração de seu relatório.

Já aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto prevê que estados que celebraram acordo com a União com base nas Leis Complementares 156, de 2016, e 159, de 2017, poderão deduzir do teto de gastos transferências da União aos estados e ao Distrito Federal vinculadas a gastos específicos, como a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), salário-educação e Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A proposta também livra do teto os valores oriundos de emendas das bancadas estaduais. Hoje, transferências previstas na Constituição e as emendas parlamentares individuais já estão fora do limite para as despesas nos estados.

Responsabilidade fiscal

Autor do requerimento para o debate, Zequinha Marinho avalia que a proposta pode trazer mais problemas do que benefícios em médio e longo prazo.

— Em que pese a reconhecida dificuldade dos estados se ajustarem, é necessário o comprometimento com a responsabilidade fiscal — alertou o senador.

A secretária de Fazenda do estado de Goiás, Cristiane Schmidt, afirmou que os estados têm preocupação com a responsabilidade fiscal, mas ponderou que esses entes federados não podem emitir moeda nem dívidas. Segundo ela, o principal objetivo do projeto é livrar emendas parlamentares em geral e transferências da União do teto de gastos dos estados e, assim, permitir investimentos locais.

— Isso não vai fazer o estado ser mais ou menos responsável. É uma transferência. Quando estamos falando de transferências federais, acaba sendo um desserviço tê-las dentro do meu teto. Se hoje deputados e senadores conseguem emendas para seus estados, eu digo que não quero porque tenho que colocar isso dentro do teto de gastos — apontou.

O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, apontou que o projeto não deve produzir uma "deterioração do quadro fiscal", mas a principal preocupação é começar “a retirar coisas do teto” e acabar com o objetivo central de controle fiscal.

— Não são todas as transferências que estão sendo liberadas no PLP, mas a preocupação é abrir a "caixa de pandora". Se o teto é uma boa medida, é preciso preservá-la. O projeto não significa acabar com o teto necessariamente, mas abre uma brecha importante. E há estados e estados. Estados mais responsáveis que outros — avaliou.

A opinião de Salto foi reforçada pelo consultor legislativo do Senado Josué Alfredo Pellegrini. Ele avaliou que o projeto não terá aparentemente impacto significativo na situação fiscal, mas sinaliza que gestores podem descumprir regras.

— O projeto cria a percepção de que não precisa cumprir a regra atual e que virá uma mudança lá na frente — assinalou.

De acordo com a subsecretária especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Pricilla Santana, é uma flexibilização responsável, e não uma “ruptura do teto”.

— É uma flexibilização que eu entendo como responsável para atender os pleitos dos estados. O que estamos tirando agora não chega a 5% das transferências — afirmou.

Pandemia

Após ouvir todos os debatedores, Vanderlan Cardoso reconheceu que "mexer no teto de gastos" é um tema polêmico, mas apontou que ninguém esperava que o país atravessaria uma crise sanitária quatro anos depois da promulgação da Emenda Constitucional 95, que instituiu o teto, limitando os gastos públicos por 20 anos.

— Quando foi feito o teto de gastos, ninguém pensava que teríamos uma pandemia. Tem que ter alguns ajustes — argumentou o relator.

Ele afirmou que, ao elaborar o relatório, vai analisar emendas e considerar as preocupações dos participantes da audiência.